quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

No Mundo Glorioso do Homem Cósmico



Quando o homem passar da sua presente semi-consciência “ego” para a futura pleni-consciência “Eu”, então será o reino de Deus proclamado sobre a face da terra; haverá um novo céu e uma nova terra, conforme as sagradas Escrituras. Então desaparecerão todas as seitas, igrejas e teologias obrigatórias — e só permanecerá a Religião, que guiara os homens à felicidade.
Essa Religião única e universal não mais dependerá de tradições e revelações do passado. Não haverá mais crença nem descrença — mas somente a sabedoria da experiência a própria Realidade divina.
A Religião não mais será uma parte da vida a ser praticada em certos dias e em certos lugares, de acordo com certos ritos — Religião será a própria essência da vida diária, porque o homem de consciência cósmica se sentirá espontaneamente “religado” ao Infinito Transcendente pelo Infinito Imanente, sentirá o Uno da Divindade em todo o verso do mundo — o homem cósmico é o homem universificado pelo próprio Universo.
O homem cósmico, assim universificado, não procurará sua Religião em livros, cerimônias, templos, bíblias, autoridades eclesiásticas, dogmas, sacramentos, orações, hinos ou credos — a sua própria vida será a sua Religião, porque ele saberá que “Eu e o Pai somos um, o Pai está em mim, e eu estou no Pai”.
E esta Religião não terá o fim de libertar o homem dos seus pecados e salvar sua alma para a vida eterna; de preservá-lo do inferno e fazê-lo entrar no céu — porque a certeza da imortalidade estará em cada alma, aqui e agora, assim como a luz está nos seus olhos.
Dúvida sobre Deus e a vida eterna será tão impossível como a dúvida na própria existência.
Já não haverá discussões sobre teísmo ou ateísmo, sobre materialismo ou espiritualismo — porque o homem de consciência cósmica superou todas as escolas primárias e secundárias da vida terrestre e ingressou na Universidade da Realidade Cósmica.
Já não haverá intermediários entre o homem e Deus - porque o próprio homem, chegado à sua adultez espiritual, sabe diretamente que o reino de Deus está dentro dele.
A chamada morte não é, para ele, o fim da vida, mas a transição duma semi-vida na matéria para uma pleni-vida em outras regiões do Universo, porque o homem cósmico sabe por experiência própria o que quer dizer “na casa de meu Pai há muitas moradas”.
O homem cósmico realizou a mística de Deus pela ética dos homens na estética da natureza — e por isso ele sabe e saboreia que todos os bens do Universo estão sempre a seu dispor, porquanto ele mesmo se sente como parte integrante do cosmos.
O mundo povoado pelos homens de consciência cósmica será tão diferente do mundo governado pela ego-consciência, como esta humanidade de hoje é diferente da humanidade pré-histórica, antes do despontar da inteligência.
O homem do futuro, governado pela consciência crística do Eu racional, será tão diferente do homem presente governado pela ciência luciférica do ego intelectual, como a serena claridade do sol difere das débeis fosforescências de um vagalume em plena noite.
Quando o homem semi-consciente de hoje entrar no mundo pleni-consciente do homem cósmico de amanhã, então será compreendido, pela primeira vez, o Evangelho do Cristo — e tudo o que foi dito, escrito, e excogitado pelos teólogos sobre o Cristo será considerado como fogo pintado em telas de museu, em face do fogo real em toda a sua verdade.
E então a segunda vinda do Cristo será uma gloriosa realidade — no mundo do homem cósmico. . .
Huberto Rohden – A Nova Humanidade – Ed. Alvorada

sábado, 20 de novembro de 2010

Os Planetas

...travamos uma longa e amarga batalha minha Alma Gêmea e eu....

...perdidos e solitários, anjos caídos, exilados
de uma nebulosa, quase esquecida galáxia,
feridos cruelmente pelas duras estocadas de Marte,
presos na teia emaranhada de Netuno,
abalados e divididos
pela subita, terrível violência de Urano,
torturados pelas mentiras sagazes de Mercúrio,
esmagados sob o peso gelado do severo, inflexível Saturno,
que alongou cada hora em dia,
cada dia em um ano,
cada ano em eternidade de espera,

..crestados e quase cegos
pelos jatos explosivos de orgulho e arrogância do Sol,
como Adão e Eva, silenciados, indefesos, choramos em segredo...

...e mesmo assim lutamos, com implacável fúria,
devolvendo golpe a golpe... guiados pelo troar das pulsantes,
gigantescas paixões de Júpiter,
tropeçando no precipício da sedutora loucura da Lua,
para cair, afinal, em trêmulo pavor,
ante a ameaça do ominoso, sepulcral silêncio de Plutão,
consumidos por tristeza inconsolável, pela frialdade do desespero,
carregamos as cicatrizes e feridas de furiosa batalha,
eu e minha Alma Gêmea,

...mas agora seguimos em paz,
reunidos nossos pedaços dispersos,
juntos, mão na mão...completo o círculo da serpente,
de volta ao arco-íris em forma de Pirâmide,
do Éden mais brilhante do amanhã
coroados pela doce Vênus, com a Vitória do Amor,
que não morreu,
mas sobreviveu á noite da egotista busca,
para esperar o suave perdão da manhã
e o alvorecer do discernimento.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Alguém que espero...

Não se afobe, não
Que nada é pra já 
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante 
Milênios, milênios
No ar 
E quem sabe, então
São Paulo será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos 

Sábios em vão
Tentarão decifrar 
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização 

Não se afobe, não 
Que nada é pra já 
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá 
Se amarão sem saber 
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você 



Futuros amantes - Chico Buarque 

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Texto de Wagner Borges,

Escrito nesta madrugada do 16 de Novembro de 2010, Dia de Chuva aqui em São Paulo

IEMANJÁ – A MÃE DO AMOR NA CACHOEIRA DOS OLHOS

 

Mãe Iemanjá!

Que faz dos meus olhos

Uma cachoeira,

Quando eu penso no Bem

E na evolução dos homens.

Quando eu canto a Luz

Em meu coração;

Quando o Amor me faz escrever

E os espíritos vêm cantar aqui.

 

Ah, Mãe Querida!

Que lava as maldades do mundo

Com as águas da compaixão,

E que acalma o coração.

Que faz a chuva de Amor acontecer

Na cachoeira dos meus olhos...

 

Ah, Mãe das águas!

Que me abraça com a luz azul e branca,

E fortalece a minha fé.

Que, na luz do luar e nas ondas do mar,

Vem me sussurrar o encanto do Bem.

 

A Senhora me conhece, bem mais do que eu mesmo.

E, em muitos voos espirituais, me protegeu tanto...

E, novamente, eu estou aqui, igual a uma criança,

Brincando na chuva.

 

Sim, a sua chuva de Amor, que cai do Astral Superior,

E faz a cachoeira descer dos meus olhos...

Porque assim são as minhas lágrimas,

Quando o Amor me faz escrever,

E lava a minha alma

 

Ah, Mãe Iemanjá!

Que faz o meu corpo astral** flutuar nas vagas siderais...

Como uma pluma levada pelos ventos da espiritualidade.

Que me chama de menino, porque me conhece bem;

Que me fez ser médium*** de tudo que é da Luz;

E que me deu a Fé que não me deixa trair o meu coração.

 

Ah, Querida!

Se eu tivesse o talento do poetinha, faria agora uma canção.

Mas, eu só tenho um Grande Amor no coração,

E a Luz do Bem que a Senhora me ensinou.

E tudo isso desce na cachoeira dos meus olhos...

 

P.S.:

A chuva desce aqui,

Enquanto os espíritos

Cantam e dançam.

Porque eles sabem das coisas,

E eles cantam a Fé e o Amor.

E sempre dizem: “Nunca traia o seu coração.

Porque a morte real não é a do corpo,

Mas, sim, aquela que afasta o Ser da Espiritualidade”.

 

(Dedicado a Vinicius de Moraes, ao meu amigo baiano Carlito, que também mora no Céu,

e aos guardiões espirituais que operam invisivelmente a favor do bem de todos os seres.)

 

Com gratidão.

 

- Wagner Borges – servidor da Luz, sempre...

São Paulo, 16 de novembro de 2010.

 

 

- Notas:

* Iemanjá - no Brasil, Iemanjá está associada ao mar, embora na África esteja mais vinculada à desembocadura dos rios.

Nas lendas africanas ela é tida como filha de Olokum, deusa do mar, Mãe que criou muitos Orixás.

Na Bahia, as festas se realizam no dia 02 de fevereiro, no bairro do Rio Vermelho, com repercussão nacional.

Seus instrumentos são o abebé cor de prata e uma espada. Sua saudação espiritual é “Odoiyá!”

** Corpo astral - do latim, astrum - estrelado - expressão usada pelo grande iniciado alquimista Paracelso, no séc. 16, na Europa, e por diversos ocultistas e teosofistas posteriormente.

Sinonímias: Corpo espiritual - Cristianismo - Cor. I, cap. 15, vers. 44.

Perispírito - Espiritismo - Allan Kardec, séc. 19, na França.

Corpo de luz – Ocultismo.

Psicossoma - do grego, psique - alma; e soma, corpo. Significa literalmente "corpo da alma" - Expressão usada inicialmente pelo espírito André Luiz nas obras psicografadas por Francisco Cândido Xavier e por Waldo Vieira, nas décadas de 1950-1960, que atualmente é mais usada pelos estudantes de Projeciologia.

*** Médium - do latim, intermediário – é o indivíduo que tem a capacidade supranormal de perceber os seres extrafísicos e de servir de canal interplanos para eles se comunicarem com os níveis mais densos.

Obs.: Enquanto eu escrevia essas linhas, rolava aqui no som o CD. “Canto de Ossanha” – parceria genial de Vinicius de Moraes e Baden Powell

(com a participação do Quarteto em Cy), lançado em 1966. A faixa 3 do disco se chama “Canto de Yemanja”.

 

 

 

 

 

 

 

           

 

 

 

 

domingo, 14 de novembro de 2010

É tranqüilo, calmo, paciente, não grita, nem desespera. Pensa com clareza, fala com inteligência, vive com simplicidade. É do futuro, não do passado. Sempre tem tempo. Não despreza nenhum ser humano. Não é vaidoso. Como não anda à cata de aplausos, jamais se ofende. Possui sempre mais do que julga merecer. Está sempre disposto a aprender, mesmo das crianças. Vive dentro de seu próprio isolamento espiritual, onde não chega nem o louvor nem a censura. No entanto, seu isolamento não é frio: ama, sofre, pensa, compreende. O que você possui, dinheiro e posição social, nada significam para ele. Só lhe importa o que você é. Despreza a opinião própria, tão depressa verifica o seu erro. Respeita somente a verdade. Tem mente de homem e coração de menino. Conhece-se a si mesmo, tal qual é.